Cortar incentivo ao Esporte é dar fim à Esperança

Antônio Gomide

Acreditamos na força social que a prática esportiva tem em transformar a vida de crianças e jovens. A inclusão realizada através da iniciação de um Esporte, enquanto conceito de convivência, respeito às regras, disciplina e manutenção do desenvolvimento físico e da saúde faz com que ao mesmo tempo em que se está criando um cidadão, e um potencial talento esportivo, também está mantendo aquele jovem longe do contato com as drogas e o mundo do crime.

Conhecemos a realidade comum a milhares de cidades brasileiras na qual crianças e jovens são cooptados para servirem de soldados do crime organizado. Igualmente já comprovamos pela prática do investimento público da inclusão social pelas Artes e pelo Esporte que, uma vez integrado a um núcleo sadio e monitorado, estes jovens mantêm-se distantes deste perigo.

Em Anápolis, tivemos a oportunidade de defender e aplicar esta tese através de diversas experiências que se desdobraram em sucesso na missão de agregar jovens a estes conceitos. Dois deles merecem destaque e tiveram, infelizmente, a descontinuidade através da atual gestão que, até o momento, não entendeu como prioridade o conceito que é defendido e aplicado em diversos municípios com sucesso já materializado.

O primeiro deles é o “Esporte Para Todos” que disponibilizava 20 modalidades em 50 núcleos, diretos ou indiretos. A gestão municipal chegou a manter 16 mil crianças, entre sete e dezessete anos, integradas a pelo menos uma prática esportiva. Os núcleos conveniados foram uma conquista da cidade, uma vez que, além de ampliarem o leque de opções esportivas – incluindo práticas esportivas para cadeirantes como basquete e vôlei sentado – também representaram um aquecimento econômico no setor: o convênio era uma forma destes núcleos se viabilizarem e manterem as portas abertas.

O programa recebeu um novo nome a partir de 2017 e foi praticamente encerrado com a suspensão e descontinuidade destes convênios, o que representa a dispensação de milhares de crianças e jovens anapolinos para as ruas e sem o devido monitoramento esportivo e social

Tão grave foi a suspensão de outro programa que acreditamos ser de grande importância para o desenvolvimento de talentos esportivos em nossa cidade. A Lei 3601, conhecida como Lei do Bolsa Atleta, sancionada em 2011, visa a atender financeiramente atletas da cidade que precisam de auxílio financeiro para continuar com seu processo de evolução profissional. O dinheiro fornecido aos esportistas selecionados deve ser usado para a inscrição em provas, deslocamento para locais de competições, aquisição de material esportivo e até de alimentação diferenciada. Era – e é – um incentivo para a manutenção daquele novo talento dentro de sua modalidade.

E apesar de ainda estar em vigor, a lei não foi cumprida em 2017 inteiro. O ano se encerra sem que estes novos expoentes, que poderiam levar o nome de Anápolis para o mais alto pódio, recebam o incentivo que, em muitos casos, é a única fonte externa de investimento que recebem.

Na Câmara Municipal, dentro de nosso mandato de vereador, seguimos defendendo os projetos que acreditamos. Portanto, seguimos cobrando e fiscalizando situações que nos frustram como estas. No entanto, mantemos a crença de que é através do Esporte, da inclusão e do investimento nas gerações futuras que conseguiremos transformar realidades e melhorar o futuro de nossa gente.

Antônio Gomide é vereador e ex-prefeito em Anápolis

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